Experiência com Vincas, parte II
Em 2017 eu escrevi um post sobre as minhas experiências de cultivo com a vinca (esse aqui). Eu não imaginava que o post faria tanto sucesso e que tantas pessoas se sentissem incentivadas a compartilhar suas dúvidas e experiências. Fico feliz que isso tenha acontecido e de antemão peço desculpas a todos que eu acabei deixando no vácuo durante todo esse tempo.
Diante do sucesso do post e da necessidade de atualizar vocês com mais algumas coisinhas que aprendi ao longo desse tempo, resolvi fazer uma parte II.
Antes de começar a listar as coisas que aprendi (e algumas que desaprendi também haha), eu queria contar como me sinto quando estou cuidando das minhas plantas. É uma experiência que foge bastante a lógica produtivista que a gente vive, essa correria do dia a dia, de querer resultados rápidos, o imediatismo. Com planta não adianta, você faz e espera. É no tempo da natureza e não no tempo da minha pressa. Acho que tem algo legal nisso, de cultivar hábitos que envolvem outras lógicas, outros tempos...
Mas vamos ao que interessa. Em 2017, quando eu escrevi o tal post, uma das coisas que, por alguma razão, eu estava ignorando completamente, era o fato de que as vincas são plantas anuais. O que isso significa? Significa que dentro de um período de aproximadamente 1 ANO, a planta vai nascer, crescer, se reproduzir e morrer. Claro, isso não é bem uma regra fixa, as vezes a planta dura um pouco mais, às vezes um pouco menos, às vezes ela nem chega a se reproduzir (dependendo das condições do lugar) e às vezes ela nem morre de verdade, mas fica beeeem mal acabada.
No caso das vincas, cujo nome científico é Catharanthus roseus, elas nem chegam a ser consideradas anuais, mas sim bienais, o que significa que esse ciclo de vida delas dura aproximadamente dois anos, e ao final desse tempo ela não necessariamente morre, mas fica sem vigor.
Claro, o problema dessa minha planta também é uma outra coisa; eu viajei e não consegui cuidar delas direito, o que acabou acelerando o processo de perda do vigor. Mas o ciclo de vida da planta é algo importante de levar em consideração, pra gente não ficar angustiada achando que a culpa da planta estar ficando sem viço é toda nossa.
Uma notícia boa é que é muito fácil contornar esse "problema" (Coloco isso entre aspas, pq o fato da planta ter um ciclo de vida anual, não é exatamente um problema, é algo natural, a gente é que quer que a planta viva pra sempre enfeitando nosso quintal hahah), basta fazer mudas da planta alguns meses antes dela entrar em sua fase de declínio. Assim você poderá ter sempre uma mudinha jovem e bonita da sua planta favorita, crescendo e florescendo enquanto a planta original cumpre o seu inevitável ciclo.
Ta, mas quando é isso? No caso das vincas, minha sugestão é que você faça as mudas assim que começar a notar que a planta está começando a entrar na fase de reprodução, ou seja, quando você notar as primeiras vagens.
Outra coisa interessante que aprendi é que a reprodução das vincas é algo que envolve um pouco de genética mendeliana pra gente conseguir prever qual a cor da flor que vai nascer de cada semente. Eu não consegui (na verdade não tentei muito), tudo o que eu fiz foi tentar cruzar algumas variedades artificialmente pra ver se obtinha novas cores, mas não tive sucesso. Todas as sementes que nasciam, eram da variedade lilás, não importava quais fossem as cores que havia cruzado. Acho que é uma experiência que vale a pena pesquisar um pouco mais e tentar repetir (dessa vez registrando com fotos pra mostrar pra vocês). Mas já de cara aprendemos que a lilás (carinhosamente apelidada por mim de "a mais vagabundinha de todas"), é dominante em relação à todas as outras cores. Ou seja, a probabilidade de nascer planta de flor lilás é muito maior do que a de qualquer outra cor. Por isso a gente vê ela aos montes por aí.
Aprendi também que vincas não curtem muuuuito vento. Aliás, poucas plantas curtem né? Somente algumas bem adaptadas pra essas condições conseguem conviver bem com o vento sacodindo suas folhas com força. A vinca não é uma delas. E quando eu falo em vento sacodindo folhas com força, eu falo de vento litorâneo, no inverno, soprando na janela do segundo andar de uma casa. É pedir demais né? A variedade vermelha, que plantei nessas condições, chegou a crescer um pouco e florescer, mas quando o inverno chegou, ela passava a maior parte do tempo enroladinha e não demorou pra desenvolver praga. Tive que sacrificar.
Aliás, quem tiver dicas de como se livrar efetivamente de cochonilhas, por favor, deixa a dica, pq elas estão atacando uma palmeira minha e não tem o que eu faça que elas não retornem. Só não tentei ainda a técnica do fumo, mas vou tentar e conto aqui no que deu. Mas até alcool 70 eu já borrifei na raiz da planta, as cochonilhas morrem e depois voltam (sim, eu fiz algumas loucuras, mas a planta passa bem).
Pra quem eventualmente não sabe, as vincas são utilizadas na indústria farmacêutica para produção de alcalóides utilizados no tratamento contra alguns tipos de câncer. Mas calma, não vá sair tomando chá de vinca achando que a coisa não funciona desse jeito (alguns dos artigos científicos que falam disso estão disponíveis aqui, aqui e aqui).
Por fim, voltando ao tema do amarelamento das folhas que motivou o meu primeiro post sobre as minhas experiências de cultivo com essa planta, vale ressaltar que existe ainda uma outra coisa que pode causar esse tipo de problema nas plantas e, embora pareça muito um problema de quantidade de nutrientes no solo, na realidade é uma outra coisa. Trata-se da infestação por fitoplasmas, uma espécie de bactéria que causa, entre outras coisas, amarelecimento das folhas e ainda pode matar a planta. Não tenho fotos dessa infestação, mas vocês podem encontrar algumas no google.
Bom, espero que tenham gostado desse pequeno apanhado que fiz pra vocês. Quem sabe mais pra frente eu escreva uma parte três, quatro e por aí vai...
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