Espontâneas do meu jardim (2)

por Jamile Cesar
Mastruz


No post anterior (aqui) falei sobre três espécies espontâneas que nasceram no mesmo vaso onde eu cultivo minha Viola tricolor. Mas como o tema espontâneas rende muito pano pra manga, lá vou eu embarcando em um segundo post sobre o assunto.

Como eu havia dito anteriormente, essas espécies que surgem espontaneamente, apesar de representarem um inconveniente para alguns, são na verdade grandes aliadas no cultivo de algumas espécies e até mesmo para a nossa saúde, pois algumas vezes o que vemos apenas como "mato", sem nenhum valor ornamental, são poderosas ervas medicinais.

Por isso as espontâneas têm um valor quase sentimental pra mim, pois surgem como generosos presentes da natureza.

Um exemplo desses foi um pezinho de Dysphania ambrosioides, que nasceu no mesmo vaso. Não identifiquei de imediato de qual espécie se tratava, mas foi só tocar nas folhas para sentir o cheiro bem característico da espécie que é popularmente conhecida como mastruz.

Para quem não conhece, a D. ambrosioides é um subarbusto extremamente aromático (cheiro forte e desagradável), pertencente a família Amaranthaceaeque possui propriedades antihelminticas (artigo), antifúngicas (artigo) e bactericida (artigo). Na medicina popular é utilizada também como repelente de insetos e panaceia para quase todos os males veterinários.
Todas essas propriedades se dão em função da presença de um composto aromático específico; o ascaridol, responsável pelo cheiro característico do mastruz.

Muito embora a maioria dos artigos preocupem-se em desvendar o potencial benéfico da D. ambrosioides para a medicina veterinária, a medicina popular já faz uso dessa planta também em humanos, sendo indicada para o tratamento de verminoses e alguns tipos de doenças respiratórias.
Contudo, é sempre bom salientar um velho adágio que diz que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Ou seja, a D. ambrosioides pode apresentar toxicidade se consumida em doses elevadas, como pode ser lido nos artigos supracitados.
Mas, vale citar que eu já tomei mastruz com leite na infância e posso garantir duas coisas; a primeira é que é ruim pra caramba. E a segunda é que apesar de tudo ainda estou viva e escrevendo essas linhas.
Mas pau que dá em Chico não dá em Francisco, então não vão sair por aí tomando mastruz com leite a torta e a direita. Leiam bastante e se informem antes.

Por fim, voltando a tema espontâneas, depois que o quintal da casa dos meus avós deixou de ser um paraíso natural para se transformar em uma avenida de casas, eu nunca mais vi um pé de mastruz na minha vida. Até o dia de hoje, quando a natureza resolveu me presentear com esse "serumaninho" verde fedorento, que vai se juntar ao meu jardim de espontâneas.



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