Saudades do Pampa
Talvez você esteja se perguntando o que uma fotografia de um Sol moribundo se escondendo atrás da copa de uma árvore tem a ver com o Pampa? Eu responderei que tem tudo, e eu não escolhi esse título, nem essa foto por acaso.
O pôr do Sol sempre foi visto como o final de um ciclo, o momento derradeiro, a despedida do dia antes da Terra mergulhar sob o manto escuro da noite. Não significa que isso seja uma coisa ruim, nada disso, é simplesmente o tempo que segue o seu curso independente dos nossos desejos, pois quer você queira, quer não, o Sol vai se pôr hoje, amanhã, depois e depois.
Assim também funciona a vida, ela precisa seguir seu curso e quem quiser se opor a isso certamente sofrerá, pois ela é dinâmica e nos impele ao movimento.
Uma das coisas relacionadas ao movimento da vida é o aprendizado, não aquele em que a pessoa se senta em frente ao professor e escuta o que ele tem a dizer, mas sim aquele conhecimento que vem com o tempo e a observação do mundo a sua volta.
A natureza é, sem sombra de dúvidas, um das maiores professoras que conheci, pois nela estão contidos os maiores arcanos do universo (o que inclui a resposta para as grandes questões filosóficas; Quem somos nós? Para onde vamos?...). Tudo que você precisa é ter paciência e observar.
Em alguns lugares, como no Pampa, a natureza ainda é mais presente e é possível aprender com mais intensidade. Lá, pela geografia e consequentemente pelo clima, vi muitas coisas que nunca havia visto em Salvador. Aprendi muito, tornei-me uma pessoa mais tranquila, madura e autoconsciente, e devo tudo isso ao meu esforço próprio, mas também devo bastante a natureza, pois foi somente quando me conectei com ela que me reconectei comigo mesma.
Foram três anos de intenso aprendizado e essa fotografia representa muito bem esse processo, afinal o ciclo se fechou, o Sol se pôs, a noite veio e foi necessário seguir. Mas sobrou a saudade do fim de tarde, das tempestades, do inverno frio, da geada, dos pássaros cantando e do sentimento de conexão.
Então quer dizer que em Salvador você perdeu tudo isso? Não. O aprendizado que se conquista não se perde nunca mais. Aqui ha concreto por todos os lados, prédios, carros, barulho, pessoas... outro ambiente, outros aprendizados, outras formas da natureza se manifestar.
Vida que segue! E o aprendizado segue por outras vias também.
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