A memória que não se perde


Ha uma teoria filosófica, de um filósofo ainda desconhecido, que diz que fotografias são como totens, coisas que usamos como referenciais para não nos perdermos no oceano do inconsciente.
A primeira vista parece um conceito demasiado abstrato e complicado, mas na realidade não é. Basicamente é como se as fotografias fossem auxiliares, backups de memória que usamos para não esquecermos de coisas que nos são importante, já que vira e mexe uma ou outra coisa escapa para o inconsciente.
Se ainda assim a definição lhe parece sem sentido, peço-lhe que por hora esqueça, deixe essa conceito cabeludo de lado e espere até que os primeiros livros desse filósofo emergente sejam finalmente publicados. Aí quem sabe, através de suas próprias palavras, ele consiga explicar o que eu não consegui.
Enfim, quando olho para essa foto vejo exatamente isso, um backup de memória, uma imagem que guardou consigo um sentimento. Aliás, esse é o sentimento que tenho com relação a todas as minhas fotos. O motivo de ter escolhido essa em especial é o fato de ser a minha primeira foto do Sol e isso a torna diferente das demais.
Foi um final de tarde qualquer, mais um dia cuja memória seria provavelmente engolida pelo inconsciente, mas essa fotografia o transformou em um dia que não vou esquecer, não tão fácil, não enquanto tiver um registro, um backup que posso acessar de vez em quando para recordar.
Havia chovido nesse dia, posso me lembrar claramente, e até mesmo na chuva não havia nada de especial, era só mais um dia pós chuva como muitos outros que vivi. Mais um dia em que o pôr do Sol e o nascer da noite trazia consigo o friozinho do outono. Mas depois dessa foto a lembrança fica mais viva e até mesmo o chão molhado eu consigo sentir sob meus pés, o ar saturado, os pássaros migrando em sua rota anual...
Ah fotografia, meus pequenos totens, meus momentos congelados.

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