Espontâneas do meu jardim

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Guardo comigo um carinho especial pelas espécies espontâneas. Talvez por simbolizaram um último suspiro da naturalidade das coisas, tão modificadas pela nossa intervenção. Olhe para a rosa que você vê nascendo no quintal de alguém, não é mais uma simples rosa, mas o resultado de um milhão de seleções artificiais feitas pelas mãos de gerações e gerações de seres humanos. O milho que você come também não é o mesmo milho cultivado pela civilização Maia ha quase dois mil anos atrás.

Como naturalista defendo que até mesmo as intervenções humanas não deixam de ser uma faceta da natureza. Pode parecer um absurdo a primeira vista, principalmente no meio cientifico, onde o ego cega muita gente talentosa, mas nós humanos NÃO PODEMOS fugir da natureza. E não podemos mesmo, não no sentido de uma escolha que você não deve fazer, mas no sentido de ser IMPOSSÍVEL.

Mas isso é pauta pra outro momento, por hora voltemos as espontâneas.

Se você pegar um punhado de terra em qualquer lugar, colocar num vaso para planta e regar, em alguns dias verá nascer uma infinidade de brotinhos cuja semente você não colocou lá. Já estavam misturadas a terra, naturalmente semeadas, a espera do momento propício para nascer.
Eu costumo brincar com meu marido dizendo que é como um Kinder Ovo, só que de terra.

É uma experiencia interessante, pois muitas vezes ao olhar um canteiro e vê-lo tomado de plantinhas "invasoras" tendemos a arrancá-las para evitar que acabem fazendo mal as plantas cultivadas ali. Mas na verdade isso pode ser até um erro. Primeiro por que as plantinhas "invasoras" podem ajudar a forrar o solo mantendo a umidade. O segundo e não menos importante, é que muitas dessas plantinhas tem grande utilidade; na culinária ou na medicina popular.

Outro ganho importante, que talvez interesse a alguns, é o aprendizado botânico. Sim, por que observando as "invasoras" do seu canteiro você pode aprender muito sobre as espécies espontâneas da sua região.

A foto acima é do vaso onde cultivo dois exemplares de  Viola tricolor, com terra de um terreno baldio (limpo e sem lixo) daqui de perto. Observe a infinidade de espécies presentes nela. Algumas eu nem cheguei a identificar ainda, mas outras são velhas conhecidas, como o Phyllanthus niruri (Quebra-pedra), Argemone mexicana (Cardo santo) e a Commelina erecta (Taperoeba).
 Claro que não vão ficar todas aí, pois existe a competição por nutrientes do solo e isso pode acabar prejudicando a V. tricolor, mas não pretendo arrancá-las antes de ter um vaso apropriado para cada uma. Somente com a  A. mexicana que precisa de um cuidado extra, pois é uma espécie um pouco agressiva, que por possuir espinhos pode acabar lesando a planta vizinha, mas resolverei isso ainda essa semana. Além disso, nenhuma destas espontâneas é inútil, o P.niruri mesmo é um santo remédio para pedras nos rins e a C. erecta é indicada para tratamento de conjuntivites. Até mesmo a A. mexicana tem seus usos (aqui um artigo), embora eu mesma nunca tenha testado.

Por fim, como eu havia dito, a experiencia de observar as espontâneas que crescem em seu vaso ou canteiro é bem interessante e você sempre descobrirá ou aprenderá alguma coisa nova.






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